Criar asas para uma vida autônoma
O ASAS é uma iniciativa de apoio no amadurecimento de pessoas com deficiência. A Fundação FEAC, ASID Brasil e o CESD apoiaram pessoas com deficiência e suas famílias de Campinas e região a construírem um planejamento de vida com o propósito de alcançar a autonomia.
Ninguém pensa na possibilidade de adquirir uma deficiência a qualquer momento da vida, no entanto isso é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Há dois anos, a geógrafa e bailarina Ana Bia sofreu uma síndrome medular que a deixou paraplégica.
Essa deficiência adquirida, por algum tempo, a impediu de prosseguir com sua trajetória promissora no mundo da dança e adiou o sonho de abrir uma escola de artes negras com seu companheiro.
Ana e Márcio, após a trajetória pelo ASAS, colocaram em prática o desejo de seguir a vida com uma nova perspectiva. Oficializaram a Aya Cia de Dança que leva dança Afro, danças urbanas e dança em cadeira de roda em eventos culturais e esportivos.
Campinas, local onde moram, carrega histórias de luta das comunidades negras, indígenas, periféricas, pessoas com deficiência, pessoas da comunidade LGBTQIAP+ e afins. Essas comunidades têm sido referências fundamentais para o fortalecimento do trabalho realizado na companhia de dança que fundaram. Aos poucos, eles têm se tornado referência na promoção de arte e cultura inclusiva para outros grupos e pessoas.
O casal também passou a integrar o time de atletas da Associação Solidariedanca de Arte e Cultura. A dupla vai representar, de forma pioneira, a cidade de Campinas no Campeonato Nacional de Paradança, em novembro.
Passos para planejar um futuro autônomo
Assim como a história de Ana, cada pessoa vive um contexto específico diante de suas próprias limitações e das barreiras existentes na sociedade. E, muitas vezes, precisam de apoio para criar redes ou retomar sonhos. Quando falamos sobre o contexto de pessoas com deficiência, as barreiras, muitas vezes, já estão presentes desde o início da vida. Dados da UNICEF (2021), apontam que crianças com deficiência têm 51% maior probabilidade de se sentirem infelizes comparadas com crianças sem deficiência.
Ao longo de sua trajetória, a população de pessoas com deficiência ainda se depara com barreiras educacionais, atitudinais, no mercado de trabalho, em contextos de socialização, vizinhança e até mesmo em espaços de lazer.
Além do mais, temas como o envelhecimento, morte de pessoas próximas, familiares e solidão ainda são considerados tabus. Tantos assuntos merecem uma abordagem segura para trazer a esse público ferramentas que os apoiem e guiem em suas decisões.
O ASAS é uma tecnologia social que cria um ambiente seguro para que pessoas com deficiência e suas famílias pensem nas possibilidades que dizem respeito ao presente e ao seu futuro.
“Se queremos ter pessoas com deficiência autônomas lá no futuro e que tenham um plano de vida e de carreira acontecendo, trabalhar seu contexto desde a infância e da juventude proporciona oportunidades de viver plenamente cada fase de sua vida.” – Viviane de Faria Machado – Fundação FEAC
Dessa forma, a metodologia ASAS foi estruturada para apoiar pessoas com deficiência a partir da criação de um plano de vida. Esse plano é centrado no perfil e gostos individuais dessas pessoas, com o objetivo de alcançar uma vida mais autônoma e feliz.
Oportunidades de um futuro estruturado
Quais são os meus planos de vida? O que farei quando pessoas que me apoiam partirem? Essas são perguntas que o ASAS busca responder. O ASAS fortalece laços e redes de apoio com uma metodologia específica. A metodologia ASAS foi desenvolvida no Canadá há mais de 20 anos, pelo PLAN (Planned Lifetime Advocacy Network) e é aplicada em diversos países. Ela foi trazida ao Brasil há 4 anos pela ASID Brasil.
Quando participam do ASAS, os beneficiários têm a oportunidade de mapear redes de contato, acesso a serviços e oportunidades efetivas de inclusão. Tudo isso resulta na criação de um plano de vida. Esse é um passo estratégico na conexão a serviços, interesses e redes de suporte.
Para chegar a estruturação de um plano de vida, o projeto acontece em 5 eixos principais:
- Alinhamento da percepção familiar: introdução da metodologia, início do processo de criação do perfil da pessoa com deficiência.
- Articulação das redes de apoio: mapeamento das redes de contato que os beneficiários já têm e de outras redes de contato das cidades nas quais os beneficiários vivem. Busca por oportunidades de inclusão e acesso à serviços.
- Criação do plano de futuro: este eixo se propõe a sensibilizar coletivamente, a partir da interação entre os beneficiários, compartilhamento de desafios, avanços, boas práticas, mentorias, trocas de experiência e criação de seus seus planos de vida depois do que foi trabalhado até então.
- Plano em ação: aplicação dos planos desenvolvidos e dos mapeamentos feitos nas etapas anteriores, conectando os beneficiários e serviços de interesse, situações, benefícios, etc, colocando sua rede de apoio em prática e os acompanhando.
- Sensibilizações e apoio familiar: aqui, os beneficiários recebem sensibilizações e treinamentos sobre temas de interesse, temas conectados aos seus planos de vida e outros temas gerais da inclusão, como inclusão no mercado de trabalho, direitos da pessoa com deficiência, finanças, sexualidade, moradia, esporte e cultura, desenvolvimento socioemocional, dentre outras.
Alianças pela diversidade: escala do impacto ASAS
Uma das grandes inovações presentes hoje no ASAS é o Licenciamento. Nessa estratégia, acontece o repasse da metodologia para outras Organizações da Sociedade Civil (OSC), contribuindo para que tecnologias sociais sejam implementadas em qualquer região do país.
A ASID tinha o grande sonho de gerar mais impacto e expandir a metodologia ASAS para outros territórios. No último ano, isso foi possível por meio do Licenciamento da metodologia, apoiado pela Fundação FEAC.
O grande objetivo do ASAS é ressignificar o presente e o futuro. Desse modo, os dias de hoje e amanhã acontecem com qualidade e mais oportunidades.
Entre 2023 e 2024, a Fundação FEAC atuou no repasse da metodologia ASAS para 9 organizações do terceiro setor e mudou a vida de pessoas com deficiência e profissionais de Campinas e região.
Dessa forma, a ASID Brasil apoiou e monitorou a execução da metodologia. Essa fase contou com 112 beneficiários ativos, dentre eles pessoas com deficiência e seus familiares.
Após esse repasse da metodologia, a continuidade do projeto se deu com 58 pessoas com deficiência que participaram da fase adicional pensada para um aprofundamento e apoio na conexão dos beneficiários com serviços de interesse. Foram 20 encontros para aprofundamento em temas de interesse como “viver em comunidade”, “lazer, esporte, cultura”, “direitos e deveres” e “empoderamento financeiro/empreendedorismo”.
Esses encontros tinham o objetivo de trabalhar de diversas formas as temáticas que interessam aos beneficiários do projeto, apresentando serviços, atividades, oportunidades e ideias que poderiam contribuir para o alcance dos objetivos traçados na primeira fase! Com isso, portanto, mais de 12 serviços, atividades e pessoas foram apresentados como oportunidades de desenvolvimento e networking para o público.
Os resultados apresentaram principalmente que grande parte dos beneficiários vinha frequentando mais de 3 espaços e/ou serviços, contrastando com a realidade vivenciada no início do projeto, em que quase 50% frequentava apenas 1 espaço e/ou serviço.
Atuar em Campinas junto com a Fundação FEAC e CESD – Centro Síndrome de Down com a Metodologia ASAS abriu portas para fortalecer sonhos pessoais, territórios, organizações e famílias. Foi uma oportunidade de reflexão sobre o envelhecimento e redes de apoio. Além da construção de um plano de vida social, financeiro e de saúde física e mental.
Com a expansão da metodologia a outras organizações, a atuação em rede é reforçada e potencializada. Nesse sentido, aproxima instituições e relacionamentos espontâneos. Em outras palavras, os participantes constroem conexões com organizações e pessoas capazes de apoiá-la na busca de maior qualidade de vida. Esforços colaborativos são potencializados. O coletivo ajuda na transformação social.
“Com o ASAS e a aplicação da metodologia, entendemos que o atendimento ao beneficiário vai além dos muros da organização. Ele é acolhido dentro de uma estrutura diversa, que não necessariamente é institucionalizada.” Catarina Palermo – CESD
Mesmo após o término, o projeto ainda continua com a Comunidade ASA, um espaço de acolhimento e troca de ideias. Na Comunidade as pessoas participantes fortalecem ainda mais os laços criados durante o projeto, mantendo contato e são estimuladas a apoiar umas às outras, mesmo após o fim dos ciclos da metodologia.
Tem interesse em conhecer mais sobre o projeto ASAS?
Assista ao vídeo Planejar o futuro com autonomia – [LIBRAS e AUDIODESCRIÇÃO]
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