Inovação Social #08 – Coluna de Leonardo Mesquita

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Inovação Social
#08 – Coluna de Leonardo Mesquita

As Fases do Gerenciamento de Projetos Sociais

Em um dos encontros presenciais da Comunidade Conexões, da ASID Brasil, abrimos um debate sobre o gerenciamento de projetos sociais e indicadores de impacto. O objetivo era compreender a percepção de nossas parceiras sobre este tema e compartilhar ferramentas que pudessem auxiliar suas rotinas.

A conversa começou com uma questão básica: o que são projetos sociais e quais os aspectos do seu gerenciamento. As respostas foram interessantes e geraram um debate sobre a finalidade dos projetos sociais. Para as pessoas que estavam presentes no encontro, havia uma compreensão de que projetos sociais são, principalmente, aqueles projetos (editais) pelos quais as organizações acessam recursos públicos. Nesse contexto, narram os desafios de adequação de suas rotinas para a escrita, aprovação e implementação desses projetos para o acesso aos recursos.

A compreensão a partir desses relatos é que a finalidade dos projetos sociais é a captação de recursos. Mas e o impacto social?

Aprofundamos esse questionamento inicial ao longo da formação. Percebemos que a realidade de muitas organizações da sociedade civil é de equipes com números reduzidos, limitação ao acesso à ferramentas, além de cenários emergenciais de acesso aos recursos que possam manter sua infraestrutura. Nessa emergência, muitas organizações acabam escrevendo projetos pela oportunidade de acesso aos recursos e nem tanto pela finalidade de impacto em si. Como podemos mitigar o risco de construir projetos sem um impacto social bem definido?

As Fases do Gerenciamento de Projetos Sociais

Nesse encontro, não tínhamos como objetivo aprofundar na temática da modelagem de negócios e todo o sistema no qual o terceiro setor está inserido. Mas partindo de um princípio em que uma organização tem o recurso a ser captado ou irá iniciar um novo projeto, como construir um projeto orientado a impacto social?

Uma base metodológica apresentada à Comunidade Conexões é o Modelo de Fases do Gerenciamento de Projetos Project DPro, da organização PM4NGOS.

O Project DPro se destaca como uma metodologia para gerenciar projetos sociais com foco na efetividade, impacto e sustentabilidade. Através de suas cinco fases interligadas, o Project DPro guia as equipes na condução de projetos que geram mudanças positivas na sociedade. A seguir, um breve resumo das suas cinco fases.

1. Identificação e Definição:

Esta é a fase inicial, que se concentra na identificação de problemas sociais e na viabilidade de soluções através de projetos. Tem como foco a análise aprofundada do problema, seus impactos e dos grupos sociais envolvidos e suas relações. É nesta fase onde serão aplicadas ferramentas como estudos de caso, mapeamento de partes interessadas (stakeholders), matriz de problemas e soluções, entre outras.

2. Configuração e Aprovação do Projeto:

Já na segunda etapa, o projeto começa a ser estruturado com a definição de seus objetivos, público-alvo e plano de ação. Nessa fase é comum estabelecer as metas (modelo SMART, por exemplo), indicadores de sucesso e um cronograma. Podem ser utilizadas ferramentas como Quadro Lógico, Teoria da Mudança, Matriz de Responsabilidades, Plano de Comunicação e Orçamento Detalhado.

3. Planejamento:

A fase de planejamento é crucial para detalhar as atividades, recursos e estratégias necessárias para o sucesso do projeto. O foco é criar um plano de trabalho abrangente, incluindo prazos, responsáveis e indicadores de desempenho. O uso de um Gráfico de Gantt, matriz RACI, plano de gestão de riscos e plano de monitoramento e avaliação são ferramentas indicadas.

4. Implementação:

A quarta fase é o momento de colocar o plano em ação, iniciando as atividades na prática e monitorando o progresso. É importante reforçar que as fases de Planejamento e Implementação são cíclicas, pois é uma boa prática manter um monitoramento constante da implementação e, se necessário, replanejar a rota do projeto. Nesta fase o foco será em gerenciar a equipe, recursos e atividades de forma eficaz, garantindo a qualidade e o cumprimento dos prazos. As rotinas e ferramentas compreendem as reuniões de equipe, relatórios de andamento, ferramentas de controle de projetos e comunicação constante com as partes interessadas.

5. Encerramento e Sustentabilidade:

A fase de Encerramento é muito importante e muitas vezes esquecida. Nesse momento, são avaliados os resultados do projeto, documentadas as lições aprendidas e garantida a sustentabilidade dos seus impactos. Não menos importante, é uma fase onde todas as partes interessadas devem ser informadas sobre o fim do projeto. Geralmente, são produzidos nesta fase os relatórios finais, matriz de lições aprendidas, planos de sustentabilidade e estratégias de disseminação de resultados.

Conclusões:

O uso de metodologias e ferramentas para o gerenciamento de projetos, como o Modelo de Fases Project DPro, permite a ênfase no impacto social, indo além da entrega de produtos e priorizando a geração de mudanças positivas na vida das pessoas. Um bom gerenciamento de projeto social deve ter uma abordagem participativa, envolvendo ativamente as partes interessadas em todas as fases, promovendo a coesão e o senso de pertencimento.

Ainda, deve ser flexível, adaptando-se às características e necessidades específicas de cada projeto social e com uma visão holística, considerando os aspectos sociais, ambientais e econômicos do projeto, promovendo a sustentabilidade. A metodologia Project DPro é gratuita e seu guia completo pode ser acessado, em português, no seguinte endereço oficial: Clique aqui 

As equipes das organizações parceiras da Comunidade Conexões podem acessar guias, ferramentas, formações e mentorias sobre Gerenciamento de Projetos Sociais para impulsionar projetos na causa da pessoa com deficiência. Cadastre sua equipe gratuitamente: asidbrasil.org.br/comunidades-asid

Sobre o autor:

Leonardo Mesquita é especialista em Gestão de Projetos Sociais e certificado em Lideranças de Inovações Sociais. Graduado em Engenharia de Computação e há 7 anos atua na ASID Brasil, liderando articulações de comunidades e processos de inovação social dentro da causa da pessoa com deficiência. Já esteve envolvido na coordenação de programas de voluntariado. Léo escreve sobre inovação social, ODS e como conectamos essas pautas com a causa da pessoa com deficiência.

 

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