Diversidade e Literatura #08 – Coluna de Edilayne Ribeiro

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Diversidade e Literatura
#08 – Coluna de Edilayne Ribeiro

Vamos falar sobre o envelhecimento da pessoa com deficiência?

Ao falarmos sobre pessoas com deficiência, o foco ainda é o seu desenvolvimento na infância ou questões de acessibilidade para uma vida mais inclusiva e segura – temas ótimos e muito importantes! Contudo, um tema de igual necessidade mas pouco falado é o envelhecimento, tanto da própria pessoa com deficiência quanto de sua família, pois esbarra em questões de futuro, de planejamento, de saúde e de incertezas.

Neste texto, trarei algumas reflexões sobre o envelhecimento da própria pessoa com deficiência. Mas fiquem atentas e atentos, que na coluna do mês que vem eu dedicarei espaço para falar sobre o envelhecimento dos familiares de pessoas com deficiência, cujos desafios são diferentes!

Segundo a PNAD 2022, no Brasil há 18,6 milhões de pessoas com deficiência com dois anos ou mais. Destas, a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019), 8,5 milhões estão no grupo etário de 60 anos ou mais, e têm menos oportunidades de inclusão, por não terem fundos, não terem entrada no mercado de trabalho, não terem estudo e etc.

Aumentando mais ainda o recorte, dados do IBGE de 2010 revelam que no Brasil existem 2.617.025 pessoas com deficiência intelectual e, destas, 2,9% têm 65 anos ou mais. Apesar de ser um número expressivo, ele não necessariamente está ligado a uma boa qualidade de vida, porque a velhice ainda carrega muita negligência, preconceito e ausência de serviços públicos preparados para atender esse público, fazendo com que pessoas adultas ou idosas – em especial com deficiência – não tenham um bom planejamento de futuro, tampouco recursos para concretizá-lo.

O processo de envelhecimento, à luz da Psicologia, abarca 4 dimensões: biológica (questões corporais, de sensibilidade e equilíbrio), cronológica (questões de idade, relacionadas aos anos de vida da pessoa), psíquica (questões da vivência e experiência de vida) e sociocultural (questões sociais, do meio em que a pessoa vive e do papel que exerce).

Essas dimensões, quando aplicadas à realidade das pessoas com deficiência, apresentam desafios específicos que precisam ser considerados para promover um envelhecimento mais saudável e inclusivo:

    • Na dimensão biológica, as pessoas com deficiência podem enfrentar maior vulnerabilidade a condições crônicas, problemas de mobilidade agravados e situações mais difíceis de serem diagnosticadas. Para mitigar esses desafios, é fundamental um acompanhamento médico regular e programas de reabilitação adaptados às necessidades individuais.
    • Na dimensão cronológica, sabe-se que a idade pode não refletir um funcionamento real do corpo e da mente de uma pessoa com deficiência: é possível que uma pessoa com deficiência jovem, por exemplo, enfrente desafios típicos de idades mais avançadas, justamente devido à sua deficiência. Portanto, políticas de apoio e cuidados devem ser flexíveis o suficiente para atender às necessidades específicas de cada indivíduo, independentemente da idade.
    • Na dimensão psíquica, a experiência de vida e o bem-estar das pessoas com deficiência podem ser influenciados por fatores como aceitação social, oportunidades de realização pessoal e profissional, desenvolvimento de autonomia, dentre outros. Existem muitas barreiras emocionais enfrentadas por pessoas com deficiência devido à realidade em que, muitas vezes, vivem, como ansiedade e depressão, agravadas pelo isolamento social e pela falta de oportunidades. Assim, é essencial oferecer suporte psicológico contínuo e criar ambientes que promovam a inclusão e a participação ativa deste público na sociedade.
    • Por fim, na dimensão sociocultural o envelhecimento pode ser particularmente desafiador onde a acessibilidade e a inclusão social são limitadas, além da presença do preconceito, de vieses inconscientes em relação à idade, de falta de oportunidades para participação ativa em contextos de trabalho e/ou lazer, etc. Para contornar esse desafio, programas comunitários inclusivos, acessibilidade em espaços públicos e oportunidades de engajamento social são fundamentais para pessoas com deficiência passarem por seu processo de envelhecimento sem estarem marginalizadas socialmente.

Entender e falar sobre envelhecimento é, em qualquer realidade, imprescindível. Mas aplicar essas reflexões à realidade de pessoas com deficiência é prioritário, reconhecendo que muitos de seus desafios são únicos e, por isso, exigem adaptações e cuidados únicos também. Isso abrange desde adaptações nos cuidados de saúde física e mental, até a criação e o fortalecimento de redes de apoio, promovendo uma sociedade mais acessível e inclusiva.

A ASID busca trabalhar essa realidade em metodologias como o ASAS, que você pode conhecer mais clicando aqui.

Edilayne Ribeiro 
ASID Brasil – 2023

Sobre a autora:

Edilayne Ribeiro é psicóloga, especialista em Neuropsicologia e mestra em Educação, membra da Comissão de Educação Inclusiva da Universidade Tuiuti do Paraná e palestrante nos temas pessoa com deficiência e sexualidade. Atualmente é Líder na ASID em Projetos de inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

Sobre a ASID Brasil:

A ASID Brasil é uma ONG que promove a inclusão socioeconômica da população com deficiência. Somos agentes empreendedores que alcançam a excelência realizando mudanças sociais movido a metodologias, estudos e inteligência plural.

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