Cálculos Judiciais

Como vai pessoal, espero que todos estejam bem!

Desde o início das minhas atividades como Perito, ainda quando estava mais estudando do que trabalhando (todo mundo tem um começo), minha maior preocupação era em dominar a matéria, a qual estava disposto a oferecer como solução para os possíveis clientes. Minha família é de advogados e sempre escutei deles as mesmas queixas: perito demora demais para devolver os cálculos; o cálculo do perito estava errado (soube no momento da execução) e agora o cliente está cobrando do escritório explicações, e por aí vai.

Essa semana tivemos algumas experiências bem recorrentes no escritório que geralmente acontecem quando sou nomeado pela Justiça ou  procurado pelos nossos clientes para verificar algum cálculo já apresentado no processo, seja pelo Perito do juízo, ou qualquer outro “profissional perito”.

Nem todos nascem sabendo, mas todos podem aprender, sempre commuito estudo, muita dedicação, disciplina e foco! Sempre acreditei que os cálculos judiciais são um complemento do sucesso de uma demanda judicial. De nada adianta ter procedência no pedido em todas as instâncias e chegar na hora de executar (depois de muita briga judicial), apresentar valores que não compreendem as decisões, ou números desalinhados com a jurisprudência, seja estadual ou instâncias superiores.

Como citei anteriormente, é muito comum ser nomeado pela Justiça em um processo bancário por exemplo, e após a leitura integral dos autos, verificar a existência de cálculos judiciais juntados a inicial, informando ao juízo e ao advogado que o valor da parcela a depositar do financiamento recalculado (caso a liminar seja concedida) é de R$ 232,00. O cliente fica feliz da vida, porque teve uma redução de mais de 50% no valor da parcela, e tem plena convicção de que está com o advogado correto. Infelizmente, o advogado como não detém o conhecimento financeiro/jurisprudencial dos cálculos, acredita que o valor da parcela seja essa mesma, porque contratou um “PERITO” para tal função. Entretanto, ao calcular os valores de acordo com a sentença/acórdão (tudo o que o advogado pediu ele ganhou, logo não há motivo do cálculo atual ser divergente do inicial), cheguei em um resultado de R$ 366,30 como parcela devida. Conseguiram visualizar a situação agora? O cliente estava depositando R$ 232,00 mensalmente e feliz, só que na verdade o cliente estava pagando um valor menor todo mês sem saber, e ao final do cálculo o cliente era devedor de R$ 5.750,00!!! Esse valor foi confirmado pelo Magistrado. O advogado me ligou enfurecido, e eu escutei ele falar, e com muita paciência expliquei todos os equívocos do cálculo do “seu Perito de confiança” e no final ele me disse: O Fulano (perito) disse que sabia fazer esse cálculo…No fim das contas, esse advogado informou-me que perdeu o cliente pela expectativa frustrada ao final da demanda, e o pior, o advogado fez a sua parte brilhantemente, mas a impressão que ficou perante seu cliente, foi de fracasso e incompetência! Infelizmente essa é uma realidade existente em todas as áreas do mercado profissional.

“Elaborar cálculos judiciais é traduzir palavras (decisões) em números”, e isso não se faz do dia para a noite, não se aprende apenas fazendo cálculos, e muito menos apenas lendo livros. É um conjunto de ambos, com uma pitada bem grande de responsabilidade. Os números judiciais são fundamentais, não há justiça sem números e vice-versa. O trabalho do Perito é muito maior do que nós mesmos pensamos, da mesma forma, a nossa responsabilidade. Sei que constantemente os entendimentos podem ser alterados, e cabe a nós Peritos, estarmos atentos, para que ao momento de apresentarmos os cálculos, tenhamos convicção dos valores elaborados por nós…muito está em jogo nesse processo!”

Continua…

Abraço,
Marlos Henrique

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