Como atualizar uma ação antiga?
Imagina você, algum cliente ou parente que tem em posse uma ação antiga de alguma empresa geralmente S/A e pensamos… uauuuuuuu tenho um tesouro em mãos e pode ser que realmente você tenha, e muita gente te vende isso. Aí você vai na internet e procura sobre esse assunto no google para saber como descobrir o valor da ação lá da década de 70 para data de hoje e você vai ter apenas o site da CVM que não ajuda praticamente em nada, dizendo que tem que entrar em contato com a companhia para pedir extrato contendo a posição acionária atualizado. Como se isso fosse fácil ou pior, se fosse possível!
Muita gente tem essas ações e acabam literalmente morrendo com elas, porque não acham solução… mesmo buscando o judiciário, acaba não tendo muito sucesso porque a própria inicial não mostra caminhos ou outras alternativas para valorar essas ações para data de hoje. Temos um PROBLEMA!
É exatamente isso que quero compartilhar, alguns insights que podem mostrar alguns caminhos e opções para saber através de critérios defensáveis, digamos assim, o valor hoje!
A primeiro passo é ter o título, saber o capital realizado, número de ações e o valor nominal de cada uma. Essas informações geralmente estão na face dos títulos. Com isso, temos uma ideia do percentual de participação desse titular no total do capital realizado. Outro ponto, geralmente são ações ordinárias, a qual dão direito a voto na proporção de ações integralizadas e também direito a distribuição de lucros nessa mesma proporção.
Agora, começamos a pensar em como trazer esses valores para hoje, se não temos basicamente nada mais de informação, certo?! Mas nada de desespero.. o papel do Perito é justamente esse, enxergar cenários que ninguém enxerga e dar segurança aos números que possam materializar uma ação judicial. Termos lógica e discernimento na construção desses cenários.
Temos dois pontos: valorização da empresa e lucros, porque a ação varia pela valorização ou desvalorização da empresa e também pelo seu crescimento.
O caminho mais simples, não que seja tranquilo, mas é atualizar esse valor de face do título (número de ações x o valor nominal de cada ação) considerando a variação oficial da inflação ao longo do tempo. Naquela época, era ORTN, depois OTN, BTN e assim por diante, depois utiliza-se o INPC (sugestão) porque é o indicador mais utilizado para parâmetro de inflação. Agora, não se pode esquecer que existe um critério de remuneração, que neste caso são os juros remuneratórios.
Em muitos títulos, cita-se o percentual de 0,5% a.m. junto com a atualização monetária. Lembrando que esses juros são capitalizados mês a mês e quando temos 01/2003 (código civel 2002) os juros são de 1% a.m. Esse cenário é para quando não houver nenhuma informação disponível para ambas as partes. Essa é a forma segura e muito defensável tanto judicialmente quanto extra judicialmente. Como a empresa vai poder dizer que está cobrando a mais, sendo que você está usando o cenário mais justo dentro da esfera judicial… não vai conseguir!
Prepare-se porque esse resultado pode ser tanto bom por um lado, quanto ruim para outros. Já teve cálculos que deu poucos reais ao invés de milhões como os clientes esperavam.
O outro caminho que existe uma busca documental um pouco mais detalhada, mas que não dependa de terceiros é tentar achar na internet ou jornais (sim, existem arquivos de jornais em bibliotecas e outros locais) balanço patrimonial em algum momento da empresa, porque a partir daí você poderá fazer a razão do lucro líquido e sobre esse valor, aplicar o percentual de participação do titular considerando o número de ações à época para justicar a distribuição de lucros, aí pegamos esse balanço que é sei lá, do ano de 2000 por exemplo e o título que é de 1971 e sobre o capital realizado em 1971 aplicamos esse percentual de lucro líquido do ano 2000 e vamos fazendo as evoluções ano a ano, já que os lucros e suas distribuições geralmente eram feitas anualmente.
Se tiver mais de um balancete também pode apurar o quando a empresa cresceu em um determinado período, para colocar um percentual de valorização da empresa ao longo do tempo no lugar da inflação, digamos assim!
Formas diferentes e que podem suprir essa necessidade que é tão escassa, seja de informações bem como, profissionais!
Não é regra, é apenas um insight para tentar dar um norte nesse assunto, que parece não ter saída!
Se precisar fazer esses cálculos, claro, conte conosco… SEMPRE!
Abraços.